Mistura do Brasil com o Egito: Tutankamom carrega a bandeira de Pernambuco no remo virtual dos Jogos da Juventude CAIXA
Na despedida da modalidade, jovem rouba a cena com nome inusitado e projeta sonho olímpico

Juliana Ávila/COB
“Eu falei Faraó!”. E falou, mesmo. Tutankamom Ramisés de Souza, atleta do remo de Pernambuco, fez sucesso nos Jogos da Juventude CAIXA Brasília 2025. Com nome inspirado no famoso faraó egípcio, o jovem pernambucano de 14 anos foi o único representante do estado na disputa do remo virtual, novidade deste ano. Ele se despediu da competição nesta quarta-feira (17) de forma icônica: “famoso” e colecionando momentos memoráveis em Brasília.
“A maioria do pessoal do remo já me conhece, por estarmos nas competições da modalidade. Mas foi muito legal ter atletas de outros esportes vindo aqui me conhecer porque escutaram falar do meu nome. Troquei ideia com o pessoal do futsal, do basquete, do wrestling. Virei famoso (risos)”, brincou o jovem pernambucano.
Filho de Faraoo de Souza, Tutankamom tem o DNA do remo. O pai é ex-atleta da modalidade e o irmão mais velho, Faraoo de Souza Filho, também. Natural que o jovem recifense tomasse gosto pela modalidade e, aos 11 anos, começasse a praticar o esporte nas águas do Rio Capibaribe, principal rio da capital pernambucana, por meio do Sport Club do Recife, clube tradicional de futebol, mas que, assim como o rival Clube Náutico Capibaribe, teve a sua fundação através do remo.
“Na década de 80 o meu pai conheceu o remo na Rua da Aurora, no Centro do Recife. Ele começou no Náutico e depois foi para o Sport. Depois que ele se casou novamente, eu e meu irmão seguimos os passos. Primeiro meu irmão mais velho, de 19 anos, e depois eu”, contou Tutankamom.
“No primeiro momento eu não queria ir para o remo, pensava que ia cair no rio, que os jacarés iriam me pegar (risos). Mas aí fui fazendo por hobby, três vezes na semana, e gostei. Agora estou aqui, competindo, treinando firme e seguindo na carreira”, completou.
Como carrega um nome atípico para os padrões brasileiros, é de praxe que o jovem Tutankamom explique a origem de seu nome egípcio. E, segundo ele, a inspiração veio de outra geração e se tornou uma tradição familiar.
“Meu avô foi conhecer o Egito quando era mais novo e ficou com o nome do Faraó na cabeça. Quando teve meu pai, colocou o nome nele. Meu pai gostou da história e quis passar para as próximas gerações. Aí vieram Cleópatra, Radamés, Amaterasu, meus irmãos mais velhos, do primeiro casamento. Depois vieram Faraoo (Filho), eu, Tutankamom, e Akenatom, meu irmão mais novo, do segundo casamento”, explicou, reforçando que gosta bastante do nome diferente.
“Acho único. A pessoa nem pode fazer nada de errado, né? Porque Tutankamom é um nome marcante (risos). Acho muito representativo, pois foi um faraó egípcio muito conhecido antes de Cristo e até hoje as pessoas lembram dele pela sua tumba, sua múmia. Vejo vídeos, mas ainda não conheci o Egito. Quando crescer, pretendo ir lá”, declarou.
As referências da família aos faraós e rainhas do Egito inspiram o atleta a seguir firme no remo visando desbravar novos horizontes e conquistar, quem sabe, novos reinos. E Tutankamom já falou sobre um, em específico: os Jogos Olímpicos.
“Pretendo ser olímpico. Vou seguir minha carreira de atleta até os 30 anos, o auge do remo. Quero continuar no esporte e vou buscar esse objetivo”, pontuou.
Disputas do remo virtual terminam com prova de equipes mista
O jovem Tutankamom disputou as provas individual e por equipes (mista) do remo virtual nos Jogos da Juventude CAIXA Brasília 2025. Nesta quarta-feira (17), o pernambucano se juntou à atleta do Distrito Federal, Antônia Bindsail, para compor a dupla na prova de 1.000 metros em modelo de revezamento (500m para cada). Eles terminaram na sétima colocação, com o tempo de 3min45s07.
No pódio da última disputa do remo virtual nestes Jogos, um empate no primeiro lugar. Rio de Janeiro (Davi/Maria Luiza) e Santa Catarina (Ana Clara/Lucas) fizeram o mesmo tempo de 3min10s04 para assegurarem a medalha de ouro. Já o Rio Grande do Sul (Natália/João Pedro) fechou a prova em 3min11s08 para garantir a prata, enquanto o Paraná (Giovanna/Victor) marcou 3min14s07 para completar o pódio com o bronze.
Para Tutankamon, valeu a experiência de ter ficado no Top-10 nas duas provas que disputou (foi 9º lugar no individual) em sua primeira participação nos Jogos da Juventude CAIXA. Mais que isso, para ele ficaram as memórias marcantes da mistura cultural de diferentes estados, assim como seu nome carrega a união do Brasil com o Egito.
“Foi uma oportunidade única estar aqui, ainda mais na primeira vez do remo. Achei uma experiência incrível estar com os melhores do Brasil, de todos os estados e em várias modalidades. Mais importante é o incentivo ao esporte que estamos recebendo, isso é fundamental. Foi uma honra ter essa oportunidade grande de representar meu estado na modalidade que amo”, finalizou.